quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Não odiamos as pessoas. Odiamos o sistema!


Mantenha calma e lute contra o patriarcado.
Nossa sociedade atual é extremamente hipócrita, cheia de dois pesos e duas medidas para diversas situações. Basta entrar em um canal de notícias e observar os comentários. Gostamos de apontar os defeitos, de criticar a vestimenta, de levantar hipóteses a respeito de coisas que nem conhecemos, de julgar comportamentos e atitudes de acordo com os nossos preconceitos, enfim, estamos sempre nos achando no direito de opinar na vida dos outros, afinal nossa opinião têm que ser verdade absoluta para toda a população mundial certo?

O problema é que a nossa sociedade está obcecada em cuidar da vida dos outros. Isso nos faz sentir superiores, menos defeituosos, mais confortáveis com nossas próprias falhas e nossos próprios problemas. Nos sentimos no direito de examinar o comportamento e de tentar corrigir o que achamos ser os "erros" do próximo. Nos esquecemos que a beleza está nas diferenças e na individualidade de cada um. Enquanto estamos lutando uns contra os outros, nos odiando mutualmente, o ser humano perde, e o sistema ganha.

Fonte: Crocomila, excelente cartunista, acessem o blog dela,
 têm muitas tirinhas sobre desigualdade de gênero
http://crocomila.blogspot.com.br/
É por isto que a luta feminista é uma causa que luta por todos. Não combatemos os homens, não combatemos os padres e pastores, não combatemos o partido da direita. A nossa luta não é direcionada contra um grupo ou contra vários grupos em particular. Combatemos o sistema, e não a sociedade. Acho que é por isso que tanta gente se sente atacada pelo feminismo. O sistema, o nosso modus operandis, já está tão enraizado em nossas mentes, que quando alguém o ataca, sentimos que estão nos atacando, e partimos para defensiva.

É muito comum quando criticamos a cultura de estupro, por exemplo, vermos homens super indignados e nervosos, dizendo que estamos acusando todos os homens de serem potenciais estupradores, que estamos generalizando, que eles nunca estuprariam ninguém, que nós mulheres é que somos vitimistas, e etc, etc, etc... Se sentem atacados, como se a critica fosse direcionada diretamente ao sexo masculino. E não é! Quando criticamos a cultura de estupro, há muitos fatores envolvidos e controlados pelo sistema: as propagandas que mostram mulheres como objetos, as notícias que sempre fazem questão de apontar como se as atitudes ou vestuário da mulher tivesse sido a causa do estupro, achar normal dizer coisas como "nossa com essa roupa deve estar querendo alguma coisa", "** de bêbado não tem dono", "mulher tem que se dar ao respeito para merecer respeito", humoristas fazendo piada sobre estupro "o cara que estupra uma mulher feia merece um abraço", entre outros. E são esse fatores que criticamos, a permissividade do governo em relação a mídia, atitudes e frases que normalizam este tipo de crime e que diminuem a gravidade do mesmo, ou seja, todo um SISTEMA que controla, incentiva e permite a cultura de estupro.

Beber não é um crime. Estuprar é.
A sociedade precisa sair desta bolha que a cerca e que a impede de pensar, de raciocinar. Estamos nos preocupando mais em impedir o progresso das minorias, em impedir o acesso a igualdade de direitos, do que nos preocupamos com o nosso futuro, o o futuro do nosso planeta. Ficamos assistindo nossa vida acontecer através da televisão, e nos sentimos participando dela quando fazemos um comentário de como aquela atriz está gorda/feia ou de como aquela mulher que apanhou o marido devia ter denunciado antes ou aquela mulher que matou o marido que a traiu estava é muito certa.

Saímos por ai divulgando a opinião do sistema patriarcal (que chamamos de "nossa" opinião), e se alguém se sente ofendido ou magoado, gritamos "liberdade de expressão" (ou sera liberdade de opressão?).

O que a civilização tem feito com o corpo das mulheres não é diferente do que o que é feito com a Terra, com as crianças, com os doentes, com o proletariado, ou seja, de tudo o que supostamente não podemos “falar", e, em geral, de qualquer coisa que os poderes reconhecidos do governo e da gestão não querem ouvir, e que é assim relegado para a exclusão de toda atividade reconhecida, relegado ao papel de uma mera testemunha.
- Tiqqun

Fonte: Machismo nosso de cada dia


4 comentários:

  1. São textos como esse que me fazem acreditar que ainda há esperança pra humanidade. Muito bem escrito, por sinal. Parabéns!

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  2. mto legal o texto!! valeu por divulgar meu blog!!!
    fiquei mto feliz!
    beija!

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